Mundo segundo e Sam the kid

“A parceria vem de longe e moldou-se em palco. O norte e o sul. O Alfa e o Omega. O homem do segundo piso e o miúdo do sétimo céu. Um de Gaia e outro de Chelas. No meio dos dois, uma história longa de dedicação à causa das rimas e das batidas ao ponto de ambos serem sinónimos de Hip Hop. Talvez um seja hip e outro hop, um yin e outro yang. Irmãos de sangue, irmãos de armas. Irmãos no rap, certamente.”

Em segredo, ambos têm cozinhado um álbum feito a duas vozes e quatro mãos, do qual já são conhecidos três temas, que promete ficar para a história do hip hop nacional e que é certamente um dos mais aguardados de sempre. E compreende-se porquê! Mundo é o homem do leme do colectivo Dealema, um dos mais empenhados membros do movimento que se espalhou do sul para norte e que se tornou língua franca nas ruas. Com o seu grupo de sempre gravou algumas das mais preciosas peças do puzzle hip hop nacional, incluindo o muito aplaudido Alvorada da Alma. E paralelamente à rica história de quase duas décadas do seu grupo, foi assinando mixtapes e trabalhos colaborativos (Terrorismo Sónico) que lhe garantem uma das mais sólidas e expansivas discografias de hip hop nacionais. Mundo é o real deal, o homem para que os seguidores desta cultura gostam de olhar quando procuram um farol ou um sinal de força, dono de um talento singular, tanto nas máquinas, como no microfone. não há muitos hip hoppers assim em Portugal.

E depois há Sam The Kid, praticamente um sinónimo de hip hop, certamente um dos mais fortes símbolos que esta cultura gerou entre nós. Insuperável na arte das rimas, como Entretanto ou Sobretudo, verdadeiros clássicos, provam para lá de qualquer dúvida, Samuel Mira também fez escola na MPC. Beats Vol. 1: Amor é um clássico maior, não do hip hop, mas da música portuguesa mais moderna. E depois, o seu trabalho com os incríveis Orelha Negra, já espelhado em dois grandes álbuns e nas respectivas imagens no espelho que são as mixtapes que daí nasceram, prova que ele é uma espécie de Siza Vieira da arquitetura musical portuguesa, um génio puro.

Juntar estes dois num álbum é como ter Jimi Hendrix e Jimmy Page no mesmo disco, Marvin Gaye e Curtis Mayfield, Carlos Paredes e Amália, PIcasso e Andy Warhol a pintarem a mesma tela. Ou algo assim. Estas comparações só parecerão exageradas a quem nunca tenha testemunhado a química pura que os dois emanam em palco e a magia que são capazes de gerar em estúdio. A contagem decrescente para a edição deste trabalho conjunto já começou. Mas para aquecer os motores nada melhor do que espreitarem “Brasa”, o último single a ser desvendado pela dupla que traz Zacky Man dos Supa Squad na voz e o lendário produtor americano Marco Polo (que coleciona colaborações com nomes da nata americana como Talib Kweli, Masta Ace ou DJ Premier). “Brasa” promete incendiar o YouTube, juntando-se assim aos temas “Tu não sabes” e “Também faz parte” que em conjunto acumulam mais de 8 milhões de visualizações.

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